E) A conclusão monista de Parmênides
- Vinícius Costa

- 11 de out. de 2022
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O dualismo apresentado, até aqui, em Parmênides apresenta-se, do ponto de vista lógico como uma disjunção excludente, ou seja, os dois lados apresentados não existem, de fato, como possibilidade para um ser escolhido. A disjunção excludente proposta exige que ou um lado exista ou outro, apenas. No caso, observa-se que a verdade ao estar no Ser, como Parmênides defende, exclui-se a possibilidade de o Não-Ser carregar a verdade ou até mesmo existir. Dessa maneira, o Não-Ser simplesmente não é, ou seja, não existe, sendo pura ilusão. Com essa lógica, de evidenciar a não existência do Não-Ser, o inicial dualismo de Parmênides se desfaz no autor que considera que tudo que existe é o Ser, não fazendo sentido pensar algo além disso, pois tudo que é verdadeiro, apenas, é o Ser. Nada, portanto, existiria para fora dele ou seria criado para além dele. A essa concepção de verdade se dá o nome, na história da Filosofia, de monismo como demonstra a continuação do poema de Parmênides:
“Fragmento 8
42 Além disso, por um limite extremo, é completado
43 Por todo lado, semelhante à massa de esfera bem redonda,
44 Do centro por toda parte igualmente tenso, pois nem algo maior,
45 nem algo menor é preciso existir aqui ou ali.
46 Pois nem há não ente, que o impeça de alcançar
47 o mesmo, nem há ente o qual estivesse sendo
48 aqui mais ali menos, já que é todo inviolável,
49 pois de todo lado igual a si, se estende nos limites por igual.”[1]
Como citado em seu poema, o Ser é em si um todo inviolável, um círculo que contém tudo e não está contido em nada. Não há espaço para nada exterior ao Ser como verdade. O dualismo excludente inicial que nos faz perceber o Ser e o Não -Ser , ao se compreender que o Não ser, em si, não é nada, nem mesmo existe de fato, se desfaz e vai dando lugar ao monismo onde o Ser reina em absoluto, único, comportando-se como o todo e o tudo.
Parmênides, assim, passou a ser lido, por muitos defensores de teorias que acreditam que Deus habita em tudo e de que tudo que existe está contido em Deus, como percussor do Deus monista. Tal ideário é contrária a criação apresentada pelo ideário monoteísta judaico cristão que pressupõe a criação para fora de Deus, em uma atitude de se fazer existir individualidades para além da composição do próprio Deus. O maior exemplo de doutrina moderna que lançou mão da ontologia Pré-Socrática, para a compreensão de Deus como um ente interno e não externo ao homem e a natureza, foi o panteísmo. Sobre ele Kardec discute com os espíritos e apresenta os pontos que se seguem.
[1] PARMÊNIDES. Da natureza. Trad. Fernando Santoro. Primeira edição limitada ao I Seminário OUSIA de Estudos Clássicos dedicado ao Poema de Parmênides em outubro de 2006. Pág 3.










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