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D) O dualismo inicial em Kardec

  • Foto do escritor: Vinícius Costa
    Vinícius Costa
  • 11 de out. de 2022
  • 2 min de leitura

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Ao observa-se a codificação Espírita realizada por Kardec, é possível visualizar um caráter dualista da apresentação da existência das coisas: o criador e a criação. Em verdade, esse dualismo é desmembrado em três partes, afinal a criação se subdivide em duas partes diferentes no espiritismo: a matéria e o espírito. Kardec menciona a palavra Deus seiscentos e cinquenta e seis vezes durante “O Livro dos Espíritos”, demonstrando que a identificação da causa inicial de tudo, demarcada desde a primeira questão de o Livro dos Espíritos, é fundamental para a lógica filosófica do Espiritismo que foi desenvolvida ao longo da Codificação.


Para se pensar os atributos divinos, a primeira filosofia de Parmênides auxilia o codificador do Espiritismo. O Filósofo eleata havia legado a humanidade os atributos essenciais do Ser verdadeiro (atemporalidade, imutabilidade, unicidade, por exemplo) e ao longo da história da filosofia vários foram os pensadores que conectaram o Ser de Parmênides ao Deus cristão. O principal destes foi Agostinho de Hipona que teve forte influência no trabalho da Codificação, inclusive sendo um dos espíritos que escrevem na obra kardequiana. Kardec em sua questão décima terceira aos espíritos, presume que essas características citadas por Parmênides são os atributos de Deus na busca de averiguação dos espíritos:


13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos ideia completa de seus atributos?


“Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já Ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.”[1]


Os Espíritos confirmam a perfeição divina e seus atributos tal qual o poema de Parmênides, Sobre a Natureza, prenunciara em referência ao Ser. Se não se é possível filosoficamente afirmar que Parmênides acreditava, ao discursar sobre o Ser, estar falando sobre Deus, é possível perceber que a filosofia cristã, ao ler Parmênides, encontrou em suas classificações filosóficas, atributos da verdade que coadunam com a tradição religiosa monoteísta, oriunda primeiramente do judaísmo, e consolidada pelo cristianismo

[1] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos: filosofia espiritualista / recebidos e coordenados. [tradução de Guillon Ribeiro]. – 93. ed. 1. imp. (Edição Histórica) – Brasília: FEB, 2013. Pág.58.

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