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C) O Mobilismo de Heráclito

  • Foto do escritor: Vinícius Costa
    Vinícius Costa
  • 11 de out. de 2022
  • 2 min de leitura

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Como autor de tendência empirista, a filosofia de Heráclito não pressupõe, como a de Parmênides, um dualismo inicial em duas dimensões. Filosófos que buscam a verdade no sentido naturalista acreditam que essa verdade possa ser demonstrável por um dos cinco sentidos não havendo campo para um saber, completamente, metafisico, ou seja além da dimensão sensorial das coisas.:


Fragmento 55. [1]

Aquilo de que há visão, audição e experiência, eis o que prefiro.


Dessa maneira o viés unicista, no sentido de apenas existir um mundo, é essencial nos textos de Heráclito. Aqui, a divindade cabe dentro da matéria. Tudo está contido no mundo e não fora dele:


Fragmento 50

Escutando não a mim, mas ao logos é sábio concordar que tudo é um. [2]


O mundo único de Heráclito não advém de um dualismo exclusivo como no caso de Parmênides sendo mais bem reconhecido, portanto, como um unicismo material ao invés de um monismo advindo de uma pré noção um dualismo exclusivista. Tal ideia vai mais ao encontro do panteísmo oriental onde Deus seria a soma das matérias partilhadas agora reunidas em unidade do que o monismo de Parmênides onde o mundo que o ser humano vive é necessariamente ilusório.


Jáa principal teoria de Heráclito, derivado dessa ideia unicista de enxergar a essência das coisas, é o ideário mobilista. O filósofo jônico acredita que no mundo tudo está em movimento como indica seu aforismo mais famoso:


“Fragmento 91

Pois não é possível entrar duas vezes no mesmo rio ... ele dispersa e de novo reúne ... associa e dissolve, prende e desprende”.[3]


Em contraposição a verdade conectada ao Ser de Parmênides, tem-se aqui a ideia fundamental da ontologia de Heráclito: o devir. A lógica do pensador jônico é de apresentar um mundo em movimento, onde a transformação prepondera. Assim, a natureza, tanto física quanto humana, está em fluidez se refazendo constantemente pelo movimento de tudo. A essência do mundo cognoscível pelos sentidos é esse eterno vir-a-ser que não permite a imutabilidade de fato se concretizar. A metáfora do rio representa visivelmente a necessidade do movimento para existência da natureza. Tudo é construído, e está em transformação, pela fluidez e pelo balanceamento das forças. Por isso Heráclito defende a ideia de o fogo, a chama, ser a essência de tudo. Uma chama está em processo de queima, não existindo uma idêntica a outra. O movimento leva a singularidade e a natureza se forma nesse devir de processos únicos e verdadeiros gerados pelo movimento.


[1] HERÁCLITO, Sobre a natureza. MARCOVICH, M. Heraclitus. Editio Maior. Merida: The Los Andes University, 1967. Disponível com Tradução em português em: http://www.uern.br/professor/arquivo_baixar.asp?arq_id=1724. Pág.3 [2] HERÁCLITO, Sobre a natureza. MARCOVICH, M. Heraclitus. Editio Maior. Merida: The Los Andes University, 1967. Disponível com Tradução em português em: http://www.uern.br/professor/arquivo_baixar.asp?arq_id=1724. Pág.3 [3] HERÁCLITO, Sobre a natureza. MARCOVICH, M. Heraclitus. Editio Maior. Merida: The Los Andes University, 1967. Disponível com Tradução em português em: http://www.uern.br/professor/arquivo_baixar.asp?arq_id=1724. Pág.5

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