B) Características Centrais de Kardec em relação a Parmênides.
- Vinícius Costa
- 11 de out. de 2022
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Como demonstrado no início deste trabalho, Kardec é um pensador que está em busca da verdade e nesse sentido filosófico, não no sentido religioso do termo comumente utilizado no dia-dia, um pensador dogmático, ou seja, um filósofo que acredita na possibilidade de que seu trabalho com os espíritos revele algum tipo de verdade ao mundo. Tal tom é evidente pela presença do próprio Espírito de Verdade na orientação de toda a codificação. Em prefácio de “O Evangelho segundo o Espiritismo” o Espírito de Verdade esclarece tal postura filosófica:
“Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. “[1]
Entretanto, o codificador espírita não limita a verdade na revelação do cosmos a partir da ontologia por si. Seguindo outros caminhos filosóficos, prioritariamente aquele iniciado por Sócrates e concluído na solução kantiana, eixo central filosófico da moral espírita, a busca da verdade no espiritismo ultrapassa a questão de se buscar revelar qual é a essência do mundo. Já imbuído do ideal criticista filosófico, o foco kardequiano está no sujeito que interpola o mundo, mais do que na revelação da verdade do mundo em si. Por isso a revolução moral, objetivada por Kardec, é para os sujeitos e suas buscas de transformações de si mesmos que, por consequência, possam transformar o mundo ao se redor e não o inverso.
Em sentido paralelo, mesmo não adotando uma postura estritamente racionalista, afinal, como explicado, após a Revolução Kantiana do Pensamento, a união entre razão e sentidos passa a ser sistematicamente possível e adotada pelo mestre lionês, Kardec se aproveita de certa classificação dualista oriunda, inicialmente, da filosofia de Parmênides. Para se compreender tal fato, primeiro deve-se compreender o dualismo de Parmênides e seus impactos em sua filosofia para que após isso possa se comparar com o dualismo proposto pelos Espíritos a Kardec, visualizando-se, assim, as semelhanças e diferenças entre a Doutrina dos Espíritos, e seu viés filosófico direcionado pelo codificador, daquele exposta pelo pai da ontologia do Ser na Antiguidade.
[1] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo: com explicações das máximas morais do Cristo em concordância com o espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida. [tradução de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa, revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866]. – 131. ed. 1. imp. (Edição Histórica) – Brasília: FEB, 2013..s/pág. Prefácio.
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